terça-feira, 17 de novembro de 2015

O B/Lixo

PROVA – EFETIVIDADE DE DIREITOS – 2º BIMESTRE
Bruno Barreto Mesiano Savastano


O Bicho

“Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem”.
                  
                                                                                 - Manuel Bandeira

   Nasci e fui criado em Ilhéus, terra de Jorge Amado, no extremo sul da Bahia, onde a pobreza e falta de oportunidades são tão latentes e constantes quanto o azul do céu sobre as cabeças dos que lá habitam. Quando ainda muito jovem entrei em contato com este poema do Bandeira, que me moveu mais do que qualquer outra frase, história ou cantiga com a qual tivesse entrado em contato até então. Dez linhas que me marcaram pela eternidade.
   Eu não conseguia compreender naquela época o que poderia levar um homem àquele estado; o que poderia se passar com uma pessoa para que ela fosse reduzida à condição de bicho, ou menos que isso, à condição de monstro – por deixar que outros homens se tornassem bichos.
   Quando tinha não mais que 12 anos de idade o colégio em que estudava organizou uma excursão - o destino era o lixão da cidade. Estávamos aprendendo sobre o lixo, sua toxicidade e sobre o problema de como se livrar dele sem afetar o meio ambiente. A Toyota que carregava as 10 crianças pela imundície, no entanto, limitou-se a uma breve e superficial visita; vimos o lixo, sentimos seu cheiro... Havia casas de madeira montadas em meio a ele. Passamos em frente a uma delas e pude ver algo que jamais esperaria: dentro da casa não havia nada além de espaço. Não havia móveis. Não havia eletrodomésticos. Não havia azulejos, cama, pia, privada, nada além de espaço. À frente da casa uma mulher avistava a Toyota como uma espaçonave jamais vista; era magra, tinha um rosto fundo, barriga saliente e o olhar mais vazio que já vi não pertencer a um cadáver... Tétrica figura.
   Voltamos para nossas casas, todos impressionados com o que havíamos visto. Em minha imaginação à noite, deitado em minha cama quente no ar-condicionado, sob o cortinado que me protegia dos mosquitos, aquela mulher era o único ente presente. Onde dormiria?! Estaria só?! Eu não podia deixar de lado o sentimento de que aquela história do lixão não tinha sido contada por completo.
   No sábado seguinte fiz um pedido a meu pai: que me levasse novamente ao lixão. Queria ver a história inteira, ou ao menos um pouco mais dela. Ele atendeu meu pedido e lá fomos nós em sua Chevrolet - Blazer.
   Inicialmente, tudo parecia o mesmo do que havia visto. Lixo por todos os lados; um fedor descomunal; galinhas; porcos. Um ecossistema próprio de animais despreocupados com a qualidade de suas próprias vidas. Pilhas e pilhas de pilhas descarregadas, fraldas usadas, geladeiras velhas, sacos plásticos rasgados - e tudo o mais que não era desejado - se amontoavam ao redor de um caminho de terra que levava a um vale. No vale, uma só pilha; sobre a pilha, pessoas. Que faziam ali, todas unidas?! Paramos a blazer a uma distância de aproximadamente 100 metros do “evento” e nos pusemos a observar. Do nosso lado passou um caminhão de lixo; para ele se voltaram todos os olhares. O caminhão desceu o vale e ali, sobre o lixo, começou a despejar tudo o que consigo carregava.
   Sacos e sacos de lixo eram derrubados em frente às pessoas e até elas rolavam. Como se fossem crianças no Natal recebendo presentes os seres humanos saltavam sobre eles procurando o que pudessem aproveitar: comida, roupa, utensílios, o que fosse. Não sem competição, é claro.
   Simultaneamente o faziam os urubus, disputando o lixo com os humanos, num cabo de guerra de detritos; humanos puxando de um lado, do outro, urubus. Esta era a realidade. A história não contada se desenrolava diante de meus olhos. Com o tempo, mais urubus foram aparecendo, a ponto de expulsarem dali os humanos, com seu número. Derrotados, como mineiros que mais uma vez não encontraram ouro, voltaram para suas casas.
   Os humanos haviam perdido a batalha; e era uma batalha que perdiam regularmente.
   Hoje, ao pensar naquelas pessoas, me emociono como então me emocionei. Vi o bicho do Bandeira em seu habitat natural. Verdadeiros bichos. Bichos ao ponto de eu me perguntar se aqueles bichos sabiam falar. Despidos de humanidade, bichos.
   Quanto às certezas e dúvidas que tenho no que se refere à efetividade de direitos, devo dizer que não tenho qualquer certeza. Apenas dúvidas recaem sobre meus pensamentos. Assim deve ser.
   De quem é a culpa daquilo?! Do estado, ausente?! Da sociedade, ausente?! Do capital, ausente?! Estado, sociedade e capital estão ausentes?! Há efetividade de direitos naquela realidade?!

   Bem, há quem diga que aquelas pessoas estavam excluídas da sociedade, do Estado e do capital; que estavam desprovidas de direitos, ou ao menos de sua efetividade.
   Eu me pergunto: haveria esta realidade se não houvesse Estado e capital?! Os direitos garantem ou limitam a liberdade daquelas pessoas?!
   São muitas as perguntas que minha filosofia anarquista não permite ainda responder, mas me parece claro que a condição em que aquelas pessoas se inseriam não passa de uma consequência do modelo social existente. Um reflexo da realidade, sem maquiagem. Um universo em si, provido apenas de restos.
   Aquela é a sorte de quem não se conforma ao modelo atual; são as pessoas que não servem sequer para serem escravos do sistema. Livres! Absolutamente livres – para nada.
   Enquanto isso, há os que são livres para algo, como Blazers, camas e ar-condicionado, escravos ignorantemente voluntários do sistema, escravizando o sistema, consumindo o sistema e despejando os restos sobre as cabeças das pessoas. A desigualdade social é um pressuposto do capitalismo; uma condição imposta pela hierarquia.
   O modelo de Estado imposto à sociedade me parece cada vez mais uma farsa que se apresenta como uma solução aos problemas da sociedade e é, na verdade, uma ameaça à convivência igualitária. A constituição, tão bela e aparentemente bem-intencionada serve muito mais aos poderosos que àqueles de quem o poder foi usurpado há muito tempo, como é natural que seja. Àquelas pessoas me parecem não faltar direitos; me parece nunca ter estado tão presente sua efetividade. O que lhes falta é dignidade. Todos têm direito à dignidade humana?! Quem é o Estado para nos conceder este direito?! A dignidade é mais que um direito, ela é uma condição para a humanidade. Sem ela não passamos de bichos, como o do Bandeira.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

O Peso da Língua

Tarda mais uma janela
Em minha noite...

Avança a madrugada
Como avançam em minh’alma
Todas as madrugadas.

Cintilam em mim escuras estrelas...

Uma constelação de sóis
Invisíveis e frios...

Explodem em mim
Estrelas que nunca nasceram,
Sem universo que as contenha,
E caem no vazio.

Há em mim estrelas mortas que nunca vi
E nunca ninguém viu,
Sistemas solares imóveis
Em busca do Impulso.

Impávidos asteroides,
Quasares impassíveis...

Há dores e odores de metal,
Gardênias,
Delírios,
Há pétalas do Quênia...
Há lágrimas de lírios...

Mas pouca vegetação germina
No vasto deserto e o espaço
Carece de matéria prima...

Não há oxigênio,
Não neste milênio!

Não há sequer um lápis
Ou
Páginas de livros...

Decerto dormirei
Quando amanhecer o dia,
Por certo já errei
Bem mais do que devia.

Há galáxias plácidas
Nos devaneios desta vida,
Menos virtude no pouso que na descida,
Mais sonhos roucos que loucos no asilo
E quanto mais grave a queda,
(o silfo em mim à ninfa avisa)
Mais agudo será o sibilo.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Agorafobia

É por vergonha que durmo os dias...
Não me vejam! Jamais me vejam,
Paspalho que sou na vida,
Nem me julguem!

Não, me julguem!
Quero saber a opinião do mundo
E ver se nele encontro ao menos
Alguém que mais me culpe...

Uma cruel opinião,
Deem-ma!
Todo o ouro que jamais terei,
Todo amor que jamais senti,
Toda paz, oh, toda a paz!
E muito mais
Pela cruel opinião
Guardada em si...

Sou parcial e justo,
Por isso sofro,
Por isso durmo...

Afastem de mim os olhos,
Pois são espelhos...

Ver-me-ei de dentro para dentro,
Por dentro de mim
Até que vermes vire!

Dentro sou maior
Que o mundo
E seus julgamentos!

Superior ao mais nobre dos sentimentos!
E minto...

Sou pequeno, sujo, fraco, inútil.
Inútil!!!

Por isso durmo...
Dormindo sofro,
Acordo e sumo...

domingo, 6 de abril de 2014

The Leaf

I saw a leaf on the pavement at night
Still it laid,
Stepped on the edge, on the edge of time…
I picked it up
And looked at its veins, full of lifeless life, I
Looked at Its green, crude and lifeless like
A stone, I looked at it.

It faded into the brown of death,
Alive, as all is alive,
Only I
Looked at its veins full of beaten beauty
And stared into the stars of its green, the city
Shivered.
Only I
Knew the leaf,
Only I
Paid attention.

It was me, but
Would never be
Forever mine.

sábado, 22 de março de 2014

(mind the gap)


I feel trapped in my mind,
I look out,
See people move and be and think
How can they?
How do they have the strength to move?
And I do it sometimes,
Sometimes I just get up and go, but how does it work?
And here I am now,
Talking to you
Trying to sing
And who are you?
To whom do I address myself in these reveries?

Everything melts,
The screen melts,
The heart melts,
The mind melts
And is spilt on the floor, which is spilt on the mind
And splits!

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Mighty Mice

Rock the Cradle,
Roll the dice.

In velvet seas
Too many people float through life
And sink in ice!

Conversations, crowded minds!
Would you settle?

Freedom is overpriced...

Every man is a rat inside!
Every man a fucking god!
All might....

Every soul is afraid at nigtht;
Every soul ails in the crimson skies,
Tied up
In lines and lies!

Mera semelhança é qualquer coincidência!

Desde que te vi não me vejo mais aqui...
Vejo o mundo por aí e me consolo
Por saber que nele existes...
Esteamos todos tristes..!

Já te sei, como soube,
Subi! E daqui não desço, nem ninguém
Me desce!

Proibida só para mim?!
Ingenuidade!
Que pensei?! Que fácil seria?!
Tortura minha alma aos poucos,
Vida!
Tortura!
A mim e a todas as sensações que não me cabem,
Que eu não me caibo!
Eu e ti...
Aqui,
Por vir, não sei,
Te amei, sofri!
Ou lá?!
Êita lá ô...

E jamais deixarei de te ouvir em mim...

Oh, em mim...

Toda a beleza fora e em volta de mim...
Que fim!

Esta chuva que não chega ao solo,
Um resto de rosto escondido num mundo de cegos...
Cego que só não sou cego quando fecho os olhos,
Me molho!
Te sonho e me tomo no imbróglio
Bucólico da realidade em si!

Me tirem, Ah!
Já!
Me tirem daqui!

Obrigado, amor primeiro...
Tiraste o veneno de mim!

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Pointless Edges

Would I dare do it for beauty?
Stop with the questions again, seriously...
You'll drown in them!

Beauty is what beauty sees...
I know what you mean, but no one will ever understand that...
It's too ambiguous and the reader will read it wrongly...
Won't you?!

This probably won't ever make it to a book, anyway...
What readers, what are you talking about?!
Do people even read anymore?
Or are we so fucking low that we can't see it?!
And if you can't see it, how do you read it?
Fuck me with these questions again, next time it will be different!

No questions, just thoughts, what thoughts if they're all questions?
Ah!!!
How far?
We are never on the same spot!

It Never Whens!

The nature of men?
Don't ask me that!

Stop conjuring those meaningless questions!
They're not philosophical, you know...

We can hope, though, and dream!
If dreams will become reality, who knows these things?

Things, things, things!
So many of them in this world...
Where are the adventures but in the movies?
Where, the soul's purpose on earth?

I told you to stop already, why are you doing this?!

Can't you just live free and do your best?
So many questions, stop it! Stop it!

No one has the answers, they think they do!
Or don't think, and that is the reason of it all...

Don't even blink, friend, you can't miss it...
Do you see?!

What?!
Did you miss it?
Well...
Perhaps it will fly by another time...

Time....

It will probably fly by...
Now...
Or some other time...

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Como Eu Como Quem

Como posso querer eu justiça, cometedor de tantas injustiças?!
Como posso querer eu paz, criador de tanta inquietude?
Como posso bradar o amor, eu que nem a mim mesmo amo?
Como posso qualquer coisa e ser ninguém?

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Boiando Contra a Correnteza

Não vou lhe agradecer
Ou jamais me desculpar
Pela errônea infinitude de atos
- Que sou -
Deste rol de imperfeições
Comprimidas num' alma...

Descanso no desassossego,
Danço e tropeço no enredo
Sonambólico das comédias
Entediantes das castas...

Sou piruetas sem graças
Num circo aleijado.

Um capacho esquecido;

Um ciso numa boca sem espaço
Que se projeta ao ouvido...

Um pobre diabo
Caído na Terra;

Não consigo sequer abaixar
Pra amarrar os cadarços...

Preciso de água como toda a gente,

Mas se fazes direito, só quero o errado!
Se banhas teu peito, prefiro meu nado!
Se restas parado, és todo o meu pleito!
Se estás cansado,
Ah,
Me deleito com o teu cansaço....

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Behind a Mount of Despair in Our Souls

Everythig you do is worth it,
Nothing you carry in your heart is useless;

Do it to me,
Bring it to me!

Flawlessly craving a blue maneuver amongst the hay,
Halos and horns are on top of the world...

Kneel, o puny essence of the universe, kneel
And punish all gloom all around...

I'm done crying for everything I'll never understand,
Omniclueless of end...

But why must you make me suffer so?
Why must you never let it go?

Do it for me,
Bring yourself to me!

Let me
Love you
As I do.

domingo, 16 de setembro de 2012

Tudo o que tenho não passa daquilo que não quero!
A que venho?
Cansei do bolero
E vou me divertindo na pobreza musical deste tempo corrupto
Quando o sucesso veste o monocromático tédio do terno...

Prazeres terrenos, tudo o que temos são prazeres terrenos...
Ou não sabemos?

Desculpem-me a franqueza, mas esqueci de tomar meu remédio,
E troco por pílulas a lucidez perdida desde sempre;
Estou preso na ilusão de uma vida massacrada por imagens confusas.
Abro os olhos e estou cego; quando os cerro te vejo flutuando na escuridão concisa
De meu cérebro, na consciência rarefeita de insinuações masoquistas e festas...

Conversamos por uma noite inacabada... E a escuridão do dia seguinte é o que me resta de ti...
As luzes da noite, o desespero incerto do por vir....

Sofro não lhe ter dito que ficasses, mas quem era eu para que te pedisse ficar?

Vejo a despedida de teus olhos no meu olhar... Como faço pra te reencontrar, te perdeste na noite!?
Deixei que te fosses...

"Don't go..."

Such a simple compilation of words...
And I wouldn't give you the arm to be twisted,

It was but pride, loneliness, love
What made me choose silence, penniless...

If I see you again, read my mind and stay...
Or don't...
I'll end up following you troughout the night
And perhaps thrive
To not such lonely a day...

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Ontem, me acorda

O mundo está inteiro fora da ordem
As casas todas perdidas no mórbido flou
Deteriorando-se com o passar dos tempos e das gentes
Erguendo-se ao infinito dos olhos namorando as estrelas

Quem são as pedras caídas no mar?
Quem os amores terei de viver para viver o amor que me espera e não sabe quem sou?
Quantas paixões se perderam no "olá"?

E não sonho mais, apenas durmo a vida...

Depende do sonho e da vida quantas destas valem aqueles
Ou quantos daqueles fazem desta minimamente suportável...?

A todos os perdidos o nada encerrado na mente dedico!
Minto aos escombros do vento a cerrar-me os olhos
E acordo mais perdido nas folhas em que falhas escrevinho...
Sem amores ou gritos pra fora, amando e gritando pra dentro....

Me liberto da dor que me espera sem nada esperar; e nada me vem, subitamente.
E mais certo parece deixar de viver a vida e deixar que ela mesmo me viva,
Como uma pedra a rolar saltitando o destino...

Mas é chão todo o ar sob meus pés;
São pés as ferramentas todas à disposição

E a tua falta me deixa acordado na cama semanas a fio...
Eu já nem sinto o frio...

terça-feira, 24 de julho de 2012

Diário de uma noite só ou Você-eu & a distância


tudo o que cabe em linhas
tudo, que acabe em rimas

o dia de amanhã é o hoje
numa gramática bárbara

eu amo você, disse
e explodiu, morreu

era cor

se acaso estou mudo
etcétera: isto é tudo

5:35
20 de julho

domingo, 8 de julho de 2012

Romance Natimorto

Nem um pio no píer
E a lua minguante sorria,

Rochas quebrando nas ondas
Gozando o orgasmo do mar...

Equilibrando-se no horizonte, cúmulos!
Acima dos cúmulos, stars...

Estás comigo sta notte,
Navio naufragado no cais?

No píer,
Nem um pio.

Há tartarugas ao longe, não há?
Ondas, talvez
Sereias,
Quiçá?!

Se é relativo o tempo,
Será relativo o pensar?

Me mostrem o mundo das tartarugas
Aos olhos de um beija flor....

Te mostro as estrelas
Já mortas
E ainda no mesmo lugar...

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Poesia envergonhada (ou O ser & estar da tristeza)

Hoje é tempo de comer mixirica
(Ou eu quero esse tempo de volta
Por isso escrevo)

Sentar no chão da sala
Quebrar a casca laranja
E ficar um minuto arrancando a pele
De cada gomo, o caroço
Pra só depois comer
Uma mixirica (15 minutos)

(Você e o seu cheiro
Que eu não lembro
Os dois) E esta mixirica

Minha mão suja a unha
Limpo na camiseta rasgada
É o último gomo
De que forma aproveitá-lo melhor?
Ao escrever, vou tirando os fios
Brancos que embaçam o laranja de dentro
Consigo ver um caroço ali
Não sei se como de uma vez
Ou se tiro o caroço primeiro
Opto por expurgá-lo
E então já acabou a fruta

(Mas essa demora toda me angustia.)

domingo, 24 de junho de 2012

Big Bangs the Poetry

Demência com quem durmo sta' notte,
Falência múltipla neural, pois assim ordena o velho e desbotado psiquiatra!

Falésias na escuridão cansada de gavetas tortuosas,
Mongólia, minha Mongólia querida ascensão de glória femural,

Candelabros a banharem-se em cachoeiras, cacho de banana podr e frio, raízes do sol!

Dentro do útero masculino a sangrar negro em Platão fora o cúmulo em que resto a testa,
Paradigma nojento de veias adjacentes sem a principal,
Caixas de papelão em que televisores são inúteis e todo o resto a tem(e) tem por único final,

Caixas de madeira dentre as quais a minha não ainda feita, pacientemente a me aguardar, hoje ainda viva...
               Estarás madura?
Oh, caixa abatida por lenhadores barbeados, sofro tua morte!
Penso hoje em ti e sofro por antecipação nosso destino e os dos vermes em que nos tornaremos...

O osso que restará não poderá fazê-lo...

Apelo a apolo em convalescênça por bondad(e) pelos pelos que me sobrem!
Anoiteço enfermo esta rollerball,
Mereço eterno este castiçal,

Castigo os pulmões com oxigênio sem cocaína...

Negações jupiterianas de Saturno e Titã!
Lorax!
Quasares em que marés pululam,

Big                                                                                         (QÜÉ....)
    Bang,
         Eu em ti estava!
Que me importa não star aqui      (u/ui)var
                                             lo
 A não ser puro o temor daqui      pelo que mais amor tenho,
                       Que sejamos sujos tua límpida.
                                    imaginação!               .
                                           !!                        .

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Meditação sobre a distância

brega é a palavra
que a boca come
e o olho cospe
.
.
.
se a palavra lágrima não existisse
(e a lágrima só existe porque existe
a palavra) a lágrima seria o cadáver
do amor

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Redução

Meu tempo é paradoxal.

Mas talvez todos tempos sejam...

Meu tempo é tempo de recodes e de atletas imortais.

É tempo de fazer ciência. Ciência microscópica, metálica, nano-metálica, inútil.

É tempo das crianças eróticas, jovens anti-heroicos e velhos de vinte e nove anos reclamando direitos a seus privilégios...

É tempo de levantes arábicos e mil e uma noites de terror em Wall Street.

É tempo de refeudalizar a sociedade em condomínios parcelados entre inúmeros anônimos vizinhos, e de viver sozinho, enclausurado, assistindo a nuas sombras na caverna mitológica moderna de estroboscópicos pixels coloridos.

É tempo cancerígeno siliconado! Milionários no gramado e miseráveis na torcida; infâncias perdidas na Europa, nas favelas, e querelas incontáveis de uma vida atrás da bola - sabidamente vietnamita.

É tempo de multinacionais interplanetárias, de lixos sustentavelmente tóxicos a preços relativamente módicos, ainda assim, rentáveis; de destruir para construir, de guerra pela paz, de paz pela construção devastadora da liberdade capitalista, guerreira capoeirista, mera dançarina aos olhos de um senhor escravizado.

É tempo de louvar, idolatrar e desmaiar pelo medíocre. Arte porreta desdenhada desenhada na sarjeta por um bêbado acamado no cimento pela gripe, enquanto em meio a tudo isso as jóias da coroa passeiam pelo campo ornamentando foices e martelos c'ouro falso, mas maciço.

É tempo de esquerda nada direita nadar na profunda receita cleptocrata de todas boladas que leva...
E leva boladas à torta e à direita, uma xícara de propina e duas colheres de impostos salgados a gosto.
Ao forno com todos!

É tempo sem tempo de ceder um só segundo a colegas inimigos ou a amigos concorrentes. Todos concorrem neste tempo. E como correm com pressa, impacientes no trânsito lento! Matam motoqueiros, sem talento ao volante.

É tempo de ipod, ipad, icloud, ican, oh yes, we can, e de vibradores digitais com direito a rádio AM e música gospel lasciva carregada no icloud do ipad para o ipod, yes we can, yes we can, yes we can!
Sim, a gente pode protestar aos surdos na Paulista pelos curdos, pela derrubada democrática de um governo ladrão, estuprador e carinhoso, embora ninguém o faça e poucos saibam quem são os curdos...

É tempo do progressista ultrapassado, do machismo feminista malogrado e de engatinhar em passeatas a debater o óbvio e interesses pessoais.  Da pequena batalha, que não é batalha, pela maconha, pelo aborto, pelo filho morto no iraque ou no leblon. Da negação de uma luta verdadeira contra o terno e seu recheio, romarias partindo do Rio a São Paulo a BH até Brasília, nossa inversa bastilha de criminosos livres cuja merecida residência é o presídio superpovoado interiorano; ou o esgoto mesmo.

É tempo dos museus abandonados, dos shoppings e mercados do freguês que o abarrota, se abarrota de mercadorias e tromba sem olhar para trás ou pedir desculpas ao criado.

É tempo em que não se escutam mais bandas da cidade e a roda viva está mais viva do que nunca. E roda por cima de todos, acima de tudo; tudo o que é matéria, som, luz, portando sombra, silêncio e a ciência metafísico-imaginária vergonhosa do poder.

É tempo de crianças que ignoram toda a graça e possibilidades de um barbante ou de uma caixa de papelão, limitadas às imagens de ação dos video-games entre quatro paredes, até que desçam ao playground pré moldado num projeto ultra arquitetônico da mais pura falta de imaginação.

É tempo de se curvar ao chinês domesticado pela besta imperial de um socialismo de fachada, de entregar-se ao imperialismo social americano de Nevada e de chutar um animal atropelado moribundo na estrada.

É tempo de garotas de família ansiosas pelos títulos de putas da cidade e de putas titulares lesionadas pela idade e cafetões a quem respondem.

Há tempos não ouço falar de assassinos em série...
Não sei, honestamente, se devido à decadência ou ao sucesso de sua classe.

É tempo adolescente da internet ainda jovem, encabeçando a evolução da raça humana, seu saber e toda a interdependência da comunicação complexa entre idéias desconexas que surgem a todo instante no meu tempo.

Augusto, e agora?
Para onde vamos nesta fúria digital?

Na dúvida, entrego-me à beleza...

Me decapite a beleza...

Vou sonhar um mundo unido e tolerante após a curva,
Transformar a água turva em vinho tinto de poesia,
Ruminar apaixonado as mais sinceras elegias frente ao espelho
Até que o despertar do alvorecer num céu vermelho infle a flor de vossas testas.

Por entre espelhos flamejantes
Rodopiar como um vampiro,
Imortal,
Presas à mostra;

Abocanhar de uma só vez os sete pecados capitais,
Perdê-los em maus lençóis, e
Inventar novos;

De cara mergulhar na gota de chuva espessa marciana:
Uma capa invisível pendurada em minhas costas,
Duas santas afrodisíacas prosternadas a minha volta,
Três mazelas insuportáveis
E um carteado de cigana
Que à vontade o vento espalha em minha cama;

E pela carta cuja face exiba o maior sorriso
Serei guiado à ingratidão pela porta dos fundos,
Coberto de razão, sangue, ouro, imundice e
Sincretismo social intergalático;
Este último encontrado não por acaso
Embaixo de uma pedra.

Que há com a humanidade?

Hein?
Que há contigo?

É falta de carinho?
Vem cá, humanidade, deixa que te abrace!

E passo a mão na cabeça da humanidade e recebo em troca 2012 facadas no fígado;

Ah, humanidade,
Teu mal é esta vontade egoísta de ser;

Humanidade, Deus não te ajuda porque você é ridícula.


II


Pensam-se corajosos os covardes; simultaneamente, pensam-se covardes os corajosos....
Não sou um,
Nem outro,
Ou ambos!

Consideram-se salvadores os que invadem. Invasores os que salvam...
Não sou outro,
Nenhum,
Ou ambos!

A felicidade traz consigo o carma do pranto; a tristeza se incumbe de transformá-lo em dom...
Ou ambos!
Não um...
Nem sou outro!

Sou tudo aquilo que sei,

Meu nome é Ignorância...

Sou barco e meu porto inseguro;
Sou Baco e me porto futuro,
Sou fraco em refluxo,
Músculo atrofiado e
Minúsculo.


III

Sei do universo grandioso.
Poder congelar-se numa câmara criogênica!

Mas o medo do futuro, oh, o horror, o horro ro ro ro ror...!

O sucesso da revolução mental
Dependerá da intensidade de nossa crise...
E não tarda.
Afinal, que são poucoscentos anos na história humana?!
Ou trezentas gélidas noites sob céu aberto para a mendicância urbana?

O homem cansará de ser apenas o homem.

Certa noite tive um sonho gay, acordei e quis voltar a sonhar em segredo sem medo da escuridão de meu armário largo ao qual todos são bem vindos;

Durmo sempre nu e de janela aberta por mais que frio faça,
Amo o vento a me ninar,
Como mãe a me ninar...
O vento é o mundo a nos fazer carinho...

Se cai uma árvore no meio da floresta sem ninguém por perto,
Ninguém se machuca...

Sei disso pois como um tronco caio diariamente e nunca houve quem me amparasse - ao menos me machuco sozinho.
Lá vou eu novamente:

MADEEEEIRAAAA!!!

Penso que grito, mas por falta de ouvintes, não grito; nem faço barulho estatelando-me ao chão.
Certo dia caí sobre um ninho de cobras e lá quedei-me...

Até hoje o remorso me acompanha ao leito!

Odeio e amo tudo e todos menos que eu mesmo,

Exceto quando estou em frente ao espelho, então meu reflexo acusa o vazio do qual nasci cheio e toma conta indiferença...
Percebêreis meu latente narcisismo?
Qualquer dia desses me afogo no vidro do banheiro enquanto me barbeio...

Meu reflexo paulatinamente me provoca,
Vejo em seus olhos uma vontade madura de precipitar-se em minha direção, estilhaçar a superfície que nos separa, agarrar um caco de vidro espesso, enterrá-lo na própria garganta e ver jorrar meu sangue...
Já não sei mais de que lado do espelho me encontro,
Se sou eu,
Se o reflexo,
Se todo o paradigma desta solidão a dois,
Do encontro comigo de encontro a mim mesmo...

Meus olhos então suam, o corpo, se não, chora!


sábado, 2 de junho de 2012

prolegômenos à solidão

I
decidi deixar tu
(eu acho)

não me bastam os sonhos
essa tormenta que é acordar
toda noite
e não ter tu

não me bastam as vontades
transmutadas em tristeza
essa dor do dia
do coração frio
do estar amputado
inclusive de tu

me relaciono com tua distância
essa capacidade de não ter alguém
só tu
em minha saudade

II
teria feito tudo diferente se entendesse o que significavam aqueles carinhos, as nossas mãos, todas quatro, perdidas umas nas outras, nos (a)braços, costas, pernas, pelos, os olhos, tudo o que fica & morre no depois, porque tenho medo que tu voltes e, como costume, finjas que aconteceu nada, me lembrando, por isto mesmo, incessante, o quanto existiu

III
se me bastasse a lembrança
mas não basta e sou todo uma dor
me baste a memória e, então, te aceito, Solidão.
25.5.2012
4:35

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Quando 1 + 1 é igual a 1

Namorei a primeira vez aos treze de idade!
Namoro infantil, é verdade, mas intenso...
Infelizmente, apenas intenso de minha parte - ou não.
"Ou não" infelizmente!
Estou certo da irreciprocidade...

Como nunca, até então, sofri, como sempre...
Trocávamos cartas e eu,
Amor por simpatia;

Neste negócio de amar, entrei no prejuízo - disso sabia, mas pagava
De bom grado
A pena de ter meu amor, amado!

Sua Tuas Lágrimas

Então estás triste?
Mas se estás triste, por que choras?
Choras por leite derramado sempre que choras triste...
Por incompetência tua é que choras quando choras triste...
Choras por haveres perdido aquilo que não mais existe!

E quanto sal dedicaste a tuas lágrimas?
Quanto suor desperdiçaste aos olhos?
Quanto mais chorares por estares triste, mais triste chorarás!
Choras, amigo, preguiça
Pois pensas para trás!

Datilocracia

Tenho sono

Mas tenho também a preguiça de dormi-lo...
Os dedos são os únicos a ignorá-la
Olhos lerdos, escrevo e me atenho somente ao que já foi escrito;
Leio, enquanto escrevo, a palavra imediatamente anterior àquela que escrevo...

Meus olhos cansados imploram arrego e por fidelidade aos dedos, forço-me a arregalá-los...

Self Portrait à La Carte

Tenho às vezes sensação de viver em outro homem,
Mais um desses, patético

Olho para dentro e me vejo às avessas, avesso a mim mesmo;

Bruce Barrett,
A parrot of infimous previsibility;

Bruce Barrett,
A carrot in tight people's asses...

Mumbling, crumbling,
Fucking my way into greatness...!

Insideout


Either someone took it or I put it in my pocket;
Thoughts are running slowly, leaning towards the fire
While an angelic halo is stuck in my hair and a pair of horns is sticking out of my forehead

In your diabolic ears I’ll gloat desire

Deep into hell or elevated in heaven I’ll sing
Amongst demons, with angels I’ll sing
I’ll sing while they kiss, drink and dine,
I’ll sing to their orgies,
The pleasure is mine;
I’ll cry my sweet lullabies to Satan
The merciful Satan, whipping my back to the bone;

His minions shall spit salty pepper in my wounds,
But I swear I’ll cry even louder, His whips as a metronome

And as they laugh at my pride, I’ll cry those lullabies,
I’ll cry them
All alone…

But until then, fuck it!
I know none of these churches are true;
Until then, I’ll do whatever I
Think is right…

If there is, in the end, a God
In His holy might,
I think He’ll understand,
I think He’ll sympathize…  

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Duas Marias de Três

Começo a escrever às quatro da madrugada...
Daqui a pouco vem o sol me roubar a inspiração;
Daqui a pouco a inspiração me roubará a lucidez;
Daqui a louco são quatrocentos e trinta quilômetros

e cinco horas de puro rock & roll.....

terça-feira, 15 de maio de 2012

Eu Nós Vós Pelos Séculos, Fênix

Quero me esparramar na juventude,
Mergulhar em noites frias como esta!

Enxugar o frio nos copos quentes corpos
Da mendicância sentimental paulistana...

Quero meus iguais comigo em cama larga, nus,
Uma colcha de retalhos viva, todos nus
Soluçando gargalhadas,
Grunhindo ronronares ressonantes
Por impulsos inexoráveis, espontâneos;
Naturais de todo o cio animalesco
Castrado na sociedade alheia
A nosso quarto de paredes quatro e orgasmos infindos...

Roçando membros em outros membros
De quem quer que sejam os membros,
Quaisquer membros de cores quaisquer
Por pelos espessos ou femininos...

A embalar um rock progressivo
Com as pontas dos dedos
No órgão absoluto pele humana,
Sobrehumana como Nietzsche o quiz e fez...

Ah,
À trois, à quatre, à cinq;
À soixante-neuf!

Um Paul Reé aos pés de minha cama;
Lou Salomé tudo a nos separar.

Eu em júbilo,
Eu centopeia,
Utópico,
Típico....

Fálico
A elucubrar mundo à minha frente!
De pernas abertas à minha frente
E tão carente, oh, tão carente....

Às favas com os lençóis
Às favas às quais sou alérgico de nascença...

Cadê vocês, irmãos
A quem pariu a deusa Angústia?
Nossa mãe vos chama ao ninho!
Do topo do vulcão a nosso ninho!

RESPONDAM!!!

Vós,
Que voastes para demasiado longe
E me abandonastes caído aos pés do monte!

Somos os mesmos e nascemos e morremos ressuscitando pelos séculos,
Somos o mesmo século estourando em gritos a verdade crua!
Somos mesmo arquetipificados séculos na solidão da carne!
Somos esmo de probabilidade equivocada perdidos em nós mesmos...
Somos Fênix e invariavelmente voltaremos a sê-lo...
Somos Fênix e
Voltaremos a sê-lo....

Cá embaixo aos pés do monte me parece
O nada cujo esquivo m'aparece aos montes:
Só eu quererei ler poesia baixa em voz alta?
Só eu, escravo do vinho
Escuto música em silêncio?
Só eu elevado,
Só eu sereno?

Só eu quero quebrar tudo à minha volta
E todos a vossa volta a todo momento?

Chega!

Desejo

Ignorar teu oxigênio, ar,
Beber teu gás carbônico, humanidade!!!

Só eu, Fênix...
Eu nós vós, Fênix!

E voltareiemostes a sê-lo.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Dúvidas.


Certo dia, tive uma dúvida.
Mas que dúvida?
Não sei, qualquer uma.
O que fazer?
Em que acreditar?
Por que viver?

Talvez, deva trabalhar?
Mas, já trabalhei.
Ganhar dinheiro, bastante dinheiro.
Gastar dinheiro, bastante dinheiro.
Ter amigos fúteis,
Tornar-me fútil.
Não vejo razão nisso.

Talvez, devesse ser religioso?
Voltar a acreditar em Deus?
Defender Cristo até o fim?
Muitas pessoas acreditam em Deus.
Muitas pessoas defendem Cristo.
Mas ninguém acredita no amor.
Não vejo razão nisso.

Talvez, devesse fugir deste mundo?
Sentir a sensação do ópio?
O poder da cocaína?
Fumar um cigarro,
Outro cigarro,
Outro cigarro,
Um após o outro.
Ter câncer do pulmão,
Uma overdose,
Tornar-me louco.
Morrer.
Não quero morrer,
Não vejo razão nisso.

Talvez, devesse mudar a sociedade?
Gritar, em plenos pulmões,
Sem ser escutado.
Acreditar em um mundo
Que seja justo.
Que seja igual.
Mas todos são egoístas.
Não vejo razão nisso.

Talvez, devesse viajar sem rumo?
Conhecer vários lugares,
Um mais triste do que o outro.
Ser proibido de ser livre.
Nas fronteiras concretas, imaginárias.
Ser tratado como lixo.
Nas lixeiras do preconceito.
Não vejo razão nisso.

Talvez, só me reste uma solução.
Viver do jeito que seja possível.
Não por uma razão.
Apenas, por viver.
Sem esperar resultados,
Sem pensar no futuro.
Um dia após o outro,
Sem medo.

Mais, quand la vie sera belle?
Je ne sais pas, jamais. 
Peut-être, elle soit déjà.

Pois,
Não exitem razões.

Exitem,

Apenas,

Dúvidas.


quarta-feira, 18 de abril de 2012

On Bible II (or Letter to Carlin, may he do it in hell)

Nosso mundo
velho mundo
novo mundo
todo mundo, velho ou novo
ama o mundo
mas há
quem mais ame
o seu.

homens ilhas,
náufragos

por tempo demais, náufragos
enlouqueceram, náufragos
e arruínam o mundo;
não sabem o que fazem

(...)

desde Cristo não sabem o que fazem!
com seu ódio
endeusaram o inimigo
por dois malditos milênios;

é condição humana não saber o que faz!
a vida não tem manual;
atualizem a bíblia
esta horrível magnífica ilha,
mas comecem como se deve,
com "era uma vez"...

Lanchonete na Paulista

- Um poema e um açaí, por favor.
- Vai querer banana e granola?
- Só no poema...

(...)

lê o açaí,
come o poema;

(...)

- Satisfeito?
- E como poderia?
fazem ainda falta uma praia, bom acarajé e muito mais preto neste povo branco!
nas favelas o baiano se sente mais em casa...
e painho sabe,
paulistano leva anos pra manjar a terrinha...

domingo, 15 de abril de 2012

Hai-kai da sodade

se esse papel me servir de beijo, te como
e escrevo na parede
pintura rupestre do amor que te sofro

sábado, 14 de abril de 2012

Gênesis


No primeiro dia, a voz do homem ensinou
As palavras do Deus,
Que julga,
Que salva,
E não perdoa.

No segundo dia, o falo do homem estuprou
A mulher lasciva,
Que seduz,
Que pari,
E não reclama.

No terceiro dia, o olho do homem cobiçou
A terra alheia,
Que produz,
Que alimenta,
E não ressuscita.

No quarto dia, a mão do homem escravizou
O outro homem,
Que trabalha,
Que trabalha,
E não se cansa.

No quinto dia, o braço do homem açoitou
O filho do outro homem,
Que trabalha,
Que trabalha,
E não se cansa.

No sexto dia, o cú do homem expeliu
A merda valiosa,
Que fede,
Que polui,
E não se aproveita.

No sétimo dia, o estômago do homem descansou.
E criou-se a humanidade.




terça-feira, 10 de abril de 2012

- Vou Pular!

- Por favor, não o faça!
- Por que não deveria?
- Tanto há pelo que viver! Como podes abandonar assim o mar, as flores, família?
- Quem pensas ser para dizer-me das coisas da vida como se a pena pagasse vivê-la? Quero morrer. Me deixe morrer, que a vida é sofrimento; latrocínio divino; roubo, roubo, roubo, seguidos de morte!
- Que te roubaram, irmão? Não pode ser mais valioso que tua vida!
Não pula. Me dá a mão; te convido a dançar!
- Cansei de dançar, derradeiro amigo... Não posso dançar, assim como não se pode cantar no vácuo sideral; Veja: o lago é ao nado o que é à dança, alegria...
Pulo!
- Não pula...
- Pulo.
         .
         .
         .
         .
         .
         .
         .
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sábado, 7 de abril de 2012

Isocromossômico Delírio

Ha ha ha ha ha ha ahhh...

Encanta o constante farfalhar das palmeiras ilheenses,
o ar...
Saborosa melodia do ar quando anoitece
tecendo à perfeição os cabelos de amantes...

Consternadas na imensidão, solitárias
estrelas cintilantes ao gordo luar dourado
ostentam orgulhosas o sinalagmático engôdo
entre céu e oceano ao exaltar
suspensos, submersos, seus falsos diamantes...

Há fogo na areia branca...

Em êxtase
contempla um casal de artistas
buscando inspiração meta-ortográfica,
toda a nebulosa esburacada via láctea.

E ligam pautas nas pontas dos dedos,
desenham claves conforme o desejo
em meio a beijos, risadas, devaneios...

Em meio à brisa que seios endurece...

Rufam as ondas, a fogueira estala
rítmica.
a se tocar provocando tremedeiras
sísmicas,
prazer absoluto! Absurda é tal paixão
recíproca;
silenciosas, línguas sussurrando às peles doces
carícias
caóticas
cíclicas...

xx x xx

quinta-feira, 5 de abril de 2012

No Meio do Caminho, Pedras!

Queres mesmo saber quem és?
Pois pergunta à mais sincera testemunha;
Do topo de uma montanha ao vento certo
Encha teus pulmões de ar e grita tua questão à Terra...
Pergunta ao eco!

Caso temas a escalada, todavia,
Procura a cavidade duma gruta
Ou orelhas duma mulher singela
E da eterna escuridão o veredito
Daquela cuja essência seja verdadeiramente oca,
Reverberará vazia tua resposta rouca...

Se temes o veredito, cala teu louco grito,
Tira esta roupa suja, criança, te lava!
Atenta ao teu silêncio; ao mar, ao firmamento;
Ao ronronar de teu vulcão interior pleno de lava,
À cidade e ao relento...
À cidade e ao relento...

As cidades são florestas,
Moradias de Medusa.
Para vencê-las, faça como Édipo!
Vês aquelas agulhas de tricô sobre o travesseiro?
Pois bem, irmão...
Pois bem, amor...
   Usa!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Ohlívia

quanto sofrimento me causaste...

quantas noites passei pensando
no teu rosto ao meu lado,
no começo no cinema,
no princípio em Bertioga,
em como tentamos salvar um ao outro
sem perceber o desespero alheio;
que precisamente o desespero da vítima
o mal nadador afoga.

hoje decidi me alforriar de teu domínio,
guardar a manta que encobria o passado,
sentir de novo teu "eu te amo",
o meu "eu te amo",
nosso "não te quero mais...",
te querer de volta,
o orgulho ferido,
te querer ver morta,
a raiva do amor,
o entulho de amor inútil que sobra;
a impotente revolta...

quem sabe assim finalmente selo
ou mesmo soldo minha paz;

vou logo dizendo aquilo de que não mais duvido,
de que é testemunha legítima minha nova consciência
e digo, pessoa:

pessoa,
quando te amei, te amava...

vejo no retrovisor a curva que fiz na vida
para fugir de você dentro de mim;
não sou quem eu era, nem tu.
não sou esta fera,
nem és tu aquela fera,
e nem sequer eras,
embora para me enganar
disto até há pouco me convencesse...

sou nada mais que um homem:
este!
falho como todos os outros...
como as cartas que escrevi
a cada 7 de setembro
não postas no correio
sem ter jamais pedido que as lesse....

tanto queria te dizer
quando me evitavas...

me convenci de que sentias prazer
quando me evitavas...

ohlívia, se me visses por dentro...
talvez perdoasses o mal feito
inconsequente ao egoísmo,
defeito de juventude imatura,
e me aturasse novamente;

talvez
para sempre
talvez
sem temores,

ou por te ter traído,
com outros amores,
quem sabe?!

mas nem és tu minha Marília,
nem sóis de maravilha
apagarão a nossa história...

livrei-me de tuas cartas, amor de outrora.
joguei também fora a aliança devolvida;
e minha vida,
até agora...

ora, ora, foste embora!

teu rancor nasceu do cravo,
meu remorso virou rosa e um poema...

desde sete anos do aparente apocalipse,
tenho hoje uma certeza,
pessoa já estranha:

não volto para ti minha esperança...
bela demais é a vista desta nova morada;

tua imagem opaca me negara o horizonte;
quero ver mais adiante...

mais longe de ti
(feliz confesso),
enxergo mais longe...

sexta-feira, 23 de março de 2012

"Vocêu"

quero escrever-te uma carta para ver-te em palavras
representação
os olhos das palavras vêem o que a imagem não fala

sinto falta do teu cheiro cheirado pelo meu nariz
da tua voz ouvida pelo meu ouvido me olvido
da tua carne vista pelos meus olhos – ou sentida

a vida é a vista da vida (ou a vida à vista)
esse mundo reino castelo de areia & sangue
bordado na tua pele

sexta-feira, 16 de março de 2012

Partes Incompletas de um Todo

Qual a etiqueta da vida?

Devo dar-lhe bomdia, boatarde, boanoite?
aquiescer a suas vontades, rebelar-me contra os maus viveres?

Qual a etiqueta da vida?
Lavo-na à mão ou meto na máquina?

Qual o segredo da vida?
Conte-me o segredo da vida, que o guardarei melhor que não o fizeste!

Onde o sagrado da vida?

Tudo é sagrado, menos a vida!
Sagrado o orgulho, sagrada a mentira, sagrada a família,
Vergonhas, o cú do mundo, o cú domingo,
O cú dormindo, o acordado e o que pisca infatigável!

Sagrados os zumbis das universidades, a cura
Que não encontram na cannabis, na cerveja, nem nos companheiros de viagem sofrida
Sem quem lhe decepe a testa ou a tragédia lhe finde.

Da vida me alimento e de mim se alimenta a vida - tira pedaços -
Braço, perna e tantos corações quanto tiver um homem!
De que vale um homem sem coração?
De que valho, buraco no tórax, vendas nos olhos e esta maçã nos dentes?
Devaneios rotineiros fixam-se à retina!

Tombam as pálpebras.
   Tombam e quicam no "b" se estendendo às alturas
revelando beleza aos artistas que tentam e os que nem tentam fazer arte.

Cadê o mundo inteiro?
Sinto falta do mundo inteiro!
Vejo meu espelho em pedaços nas árvores, nuvens...
O mundo inteiro em pedaços!

Espelhem-se em mim as coisas do mundo, eu nelas também...

Para que o mundo em pedaços seja inteiro de novo, espelhado em mim!
Espalhado em mim e manteiga derretida...

quarta-feira, 14 de março de 2012

A Caminho de Oz

Lá vem ela, lá vem...
Lá vai ela, se foi....

Ó musas-desejo!
Sinceramente, devo confessar que não vos amamos!

Amamo-vos o andar, vossa coxas...
Amamo-vos o olhar, vossa boca...
Amamos ver-vos dançar, bossa rouca...

Amamo-vos ver-nos todos os dias
E como nos ignorastes
E nos provocastes a todos em volta

sagrado condor, caminho das naves,
engajados no horror que perdido nos trazes
sois desfacinação, objeto dos crentes em prontidão
a despeito daquilo que sentis!

Senta na poltrona e sente!
Pensa na tua história e sente!
Pensa na tua essência e sente!
Pensa até o pensar doente te inundar de autoconhecimento e dor e falta de esperança...

O tom do vento na janela é sempre crescente
búuuuuu
bluuuuuu
balooooon quica quica, vê só como o "b" quica?!

e pra onde vai esse vento?
pra onde eu vou nesse vento?

pra onde leva?

haverá gente...?


quinta-feira, 8 de março de 2012

DÊ CREScente

um milênio a fé perdoa

um século à toa, tênsil

a década cada toda

no ano tocado em sol

um mês e bemol é álcool

semanas, dois sustenidos

um dia munida a gente

a hora, granadas voam

minuto em que sua a pele

em segundos te visto nua

agora

de encontro ao tempo.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Filhote de Lua

Sinto-me asquerosa lagarta
Prestes a explodir de mim
Posto que em meu corpo já não caibo;
Não caibo neste corpo pequeno;
Ao hábito terreno, não caibo...!

Me livrarei
Não obstante a pele rasgue!

Jamais quis ser astronauta;
O sou por capricho genético, apenas...
Nu nasci no espaço sideral e
Traje espacial nunca me coube...

E embora hajam meus ouvidos suportado,
Os olhos estacionado, o sangue condensado,
Cá me encontro,
Perdido em vil potência e fantasia;

Para transbordar, faço poesia...

E quem lerá? E quero que quem lerá as leia?
Quão limitada a compreensão alheia...

Eu que de mim nada compreendo,
Sem nada, talvez, compreender serei cremado!

Peço que comigo queime este poema...
Se confundam nossas cinzas na urna que nos contenha!
Sejamos um, nova e finalmente.

Até lá, por mais cedo me espreite a data,
Por mais medo a morte invoque,
O deixo sob guarda do papel que lhe sustente,
Papel que me suporte.

No fim,
Seremos um, novamente,
Artista e arte...

sábado, 3 de março de 2012

I

tu me veio recorridas
vezes à cabeça
percorrendo o plasma
do meu corpo
que, vermelho-sangue
te lamenta
[meu eu-lírico é que te lamenta!]
tu continuas em mim
como se meu corpo
te sentisse o pelo
pelos poros que suo
ao escrever, pensando em tu
estes verbos mortos
estes versos novos
que a mim me foram dados
etcétera e tal
teu nome e teu hálito.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Meu sangue te sugou

I
Tua língua me pediu para ficar.

II
Mandei uma mensagem dessas que toca o celular e vibra a alma e tu me respondeu dentro dos próximos cinco minutos – o tempo suficiente e necessário para manter equilibrada a ansiedade – e como que se me quisesse, e me querendo e eu te querendo, saímos à tardinha, na sombra das ruas underground, pr’um filme qualquer, pr’um motivo qualquer que te colocasse ao meu lado (confesso, agora, que precisei de tu pra esquecer o presente desgostoso do presente). Os curtas acabaram. Tu, ao final, me perguntou o que achei, qual preferi, e eu não sabendo ao certo disse que achei tudo estranho, que não gostei. Tu concordou e tudo treslucidou. Aí eu te queria mais tempo por perto e convidei pr’uma cerveja despretensiosa, pr’uma companhia que me alegra a vida e só. Vai que tu quisesse ficar mais? vai que a gente jantasse juntos como há muito não havia? vai que o tempo pudesse brigar com a lógica e andar em passos lentos? O acontecido foi que conversamos sem o tempo futuro incomodar, sem o dia seguinte chacoalhar a razão batendo incessante à porta, sem querer sair de perto um do outro; ou eu de tu. [juro, Papel, não mentirei a você! minha sinceridade será tatuada a sangue em teu branco.] Quis perpetuar o instante de dois e minhas tentativas restaram frutíferas. Tu me falou das tuas verdades, das tuas tristezas, e de tudo o que se conversa em uma mesa de bar durante cinco horas, banhadas do assunto que nunca conversamos, da conversa que nunca tivemos. Eu te falei o que quis te falar naqueles versos, nem lembro, ou lembro e isso me é desimportante. O clímax foi quando dissertamos sobre o que faríamos depois & o depois se transfigurou no agora, saindo, eu e tu, pr’uma boate que serviu de bar, de carinho e de qualquer coisa que signifique nossas pernas se roçando, nossas mãos se tocando e minha boca te sentindo a língua. Claro que o que se procedeu foi mais, não tenho dúvidas, mas não pra mim, e sim pra tu, já que foi tu quem disse que tua amiga falou que combinávamos, foi tu quem disse que teu namorado imaginava que você me experimentaria, e foi tu quem me quis na tua casa, mesmo eu propondo, sem representar minha vontade, que eu fosse embora, naquela caminhada antes e depois do metrô. Eis que entrei na tua morada, vi as cinzas da cachorra no pote defronte à porta, sentei no sofá ao teu lado, e tu propôs, envergonhada, que subíssemos pro quarto já que a janela da sala, às cinco da manhã, nos propagandeava. A gente tirou a roupa, tu me massageou como nunca, eu fingi uma sabedoria inútil, e pelos pêlos dormimos abraçados. No dia seguinte tu me chupou. (Confesso, também, que tua boca me fez me sentir mais vivo.) Mas a tua empregada me apressava como se alguma realidade precisasse existir. Fui embora em tchau fugaz. À tarde, mandei uma mensagem sem minh’alma vibrar e tu respondeu bem. É que aí acreditei no amor. Só que o cimento da cidade de São Paulo me afastou de tu, o cimento da cidade que transforma tua vontade em repressão me afastou de tu, e, mesmo com o tempero de árvore na Pôr-do-Sol, esse cimento todo me afastou de tu. Como se tu quisesse te conhecer, tu fechou teus olhos.

III
Fechar os olhos não apaga o fora.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

From Mars to Venus in Venice, a Loon

alright,
I'll freeze time.

lets melt space in our salty blue foggy dark eyes,
let's make foundations crumble wearing safety goggles forever together!

I'm thrilled to walk constellations
of various people now gone;
all alive in memory,
though advanced
and immortalized
in sighs...

those hardcore sighs...

sighs of a billion emotions...!

sighs that crush your insides from the inside;
ferocious lions wich roar inside,
and roar down to the core,
brings one to the floor,
on his knees
hiding tears...

tears of colors many...

I think of kings of yore
arrested for obcenity,
indided for possession,
dead in pools of sweet ethilic vomit,
sweating all over their mighty guitars, writing ogasmic solos;
aphrodisiac guitar solos like the ones I used to pretend to perform as a child...

split, splat, lips carressing a lap!

We listened to the fussy oyster of light;
every stroke on every string lit a ceiling in venice...
green, blue, yellow, white...
all dancing tonight, in the bright rooftops of the sea above me...
every note a drop of musical rain and infinite colors; and everything's shapeless!

I drop every drop,
pick up everything!

I see it all!

nothing is shapeless!

Venice, O Venice...
had I known of Venices maze,
had I known how soon they put you to bed, Venice...
I woudn't have lived you at all...

I found myself by losing my mind through Venice
and found many wonderful souls in its chanels,
drank a fishtank wich failed to get me drunk;

sang nonstop with those who would,
and screaming they would!

saw men spit fire and lungs in the stages of Venice,
crowds dancing and pushing itselfs to its limits in squares, not one square arround.
Santa Margherita, what a struggle to find you!

a powerful sound made the masked men in Venice!

Harlequins combined, Colombines of Harlem and mad men...
the crazyest of women...
happiness given to people who share it in Venice.

shouting punk songs about atheísm, anarchy, pot;
shooting fingers at reactionists, communists, democracysts...
catholics, squares, and the invisible hand
that takes everything to itself and nobody sees...

o, Venice...
I love everything I thought of as a menace...

get it out of my way,
it's all in my way,
all that is is in my way,
reality is so obstructing;
it'd better be my way,
caothic, they say...
but worth it!
.....

Madness...
the goddess is here!
it sings, sane as it seems!
it knocked on my brain with news to the narrow
and told me to tell you
a secret of Truth;

the crazy don't know they're crazy,
everyone's crazy
and nobody knows!

please,
release lunatics of old into their own worlds;
gallows belong to the ground...

take them down as they once did in venice,

don't kill men
If your life's not in danger;
know not what it feels like
to kill a brother...

I hoped I could be a painter in venice,
to show you the things I've seen...

boats floating in water,
deeper than water,
boats floating through boats in the seas...

my face was a beautiful mask
and everyone's masks, floating faces...

trough the dark, cold,
narrow corridors,
wich hid various true monsters,

in Venice,
I wasn't afraid.

I walked on humming a wonderful dream
while fake
monsters smiled,
waving hello and good bye on their way...

Not living in Venice though living Venice's night;
sleeping in train stations, once in a train...
the floors are quite cold that time of year in Venice...
in an open sky corner balloons were now pillows!
all worth it, all very, very worth it...

pain tansformed into laughter
from others arround;
I woke up now and then, they laughed anyway...

and talked about carnival,
politics, shame,
economy, sodomy, art...
and about how it all won't be ok, ever...

and in the end
there isn't one.

everything is a vicious cicle!
wood doesn't come from the ground,
it is the ground,
wood is ground, can't you see?
It's color is brown, can't you see?

the earth is alive!
lava is but blood
pumping in rocky veins!
we are the mind,
made of earth,
thinkers, all of us,
can't you see?

the universe lives,
all is one,
can't you see?

we are imortal in matter...

everyone, everything lives!

infinite us!

what I am will be food
and trees
and shelter...

trough nature
we'll live forever;

We are atomic gods.........!

atomic gods indeed....!

let's build our own Heaven!!!

be Heaven!

fuck the atomic bomb!!!

imagine yourself a whole new scenario,

what happens if madness and greed and malice succeeds in the end of our times?

I fear for my Heaven;

and fear for your Heaven;

and fear for this Heaven,

The Universe above us; Shining above us, Truthfull above us...

exiting above us,

delighting above us...

and all is atomic,

and we are our own,

the world's,

golden atomic gods.




quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Como Amar um Fantasma

Sonhei-te ontem novamente;

Machuca, dizê-lo me dói...

Cerro os olhos e estou contigo!

Minha alma dói,
meu corpo dói,

Agonizo.

Que fazes agora?

Fecho os olhos e posso sentir-te...
Tua pele errante ao vento,
como se me fizesse em ar,
peralta borboleta...
..... a amparar-te;

Te respiro.
Cerro os olhos e te respiro.
No escuro,
me enches de vida...
Somos vida pulsante, eu e tu...

Quero ver-te ao menos uma vez...
Por um segundo no tempo infinito
tocar tua face com leveza,
perder-me em teus cachos...
abaixo do umbigo...
....

No sonho, te abraço para sempre,
teu corpo me completa...
Sou pela metade olhos abertos...

Sonho teu cheiro o mais humano, puro animal;
De natureza, inebriando a própria natureza...
Teu cheiro é a noite da Bahia....
A meia-noite soteropolitana.

És pelante supernova,
embora saibas ser fria...
Num porte seguro, decidida, inocente no olhar...
Teu vívido olhar, melando relva ao fundo branco,
verde e amarelo
num tom brasileiro,
perfeito.

Sonho em saciar em teu suor esta sede beduína;

Que sonhas sta noite?

Vivo em depressão por tua ausência...
Tornei-me poeta por ti,
suicida, um asceta de ti...

Amor, se ao menos teu nome soubesse...
Se ao menos teu nome soubesse...
....

Terei com o destino e
ainda que leve-me o amor à tortura,
torturo o destino por ti...

Pela avenida que tomarás,
pela esquina onde te encontrar...
.......

A vida por ti daria
mesmo sem conhecer-te,
seja quem fores,
doa em quem sentir dores...
Torturo o destino por ti!

Se te conheço
e te chamo por nome, prometo:

me vou contigo.

Se resto vivo,
casca vazia ambulante,
é para que não sofras meu luto,
jamais meu luto...

O faço por ti,
sofro teu luto e o meu por nós dois...

Prendia meu último sopro por ti...

...

Se amares outro......
Com amor assim tão profundo...

Não guardo rancores e sumo no mundo,
mais um vagabundo a fingir,
mais um marinheiro a cantar
sua desgraça à brisa das ondas...
Às magníficas ondas de qualquer lugar.

Incapaz de fugir
lacrimaria revolto às estrelas
na angústia do encéfalo-cárcere,
trancafiado a espiar
pássaros soltos
tranquilos em farto pomar.

Nasci a sonhar-te,
vivendo esperanças,
sempre à procura
incansável sempre
incansável à procura...
Sempre...

.......

Sempre me pergunto:
Onde dormes esta noite?

Não posso jurar
como o fizeram poetas inúmeros,
Que casto te espero,
meu bem...

Mas quanto à alma,
a essência do ser que te fala,
neguei-lhes a todas!
É tua, não minha p'ra dar...

Pensas em mim?

Penso que sim,
pois te sinto a presença;

Estás comigo em Ilhéus,
estás comigo na cama,
estás comigo na praia,
comigo nas outras mulheres,
comigo em botecos paulistas,
no palco,
na sarjeta,
na poesia que leio e escrevo...

Comigo nos comas alcoólicos,
comigo na overdose.
Comigo na morte,
na ressurreição;
Comigo e por isso consigo acordar...

Comigo e tão distante...
Ou perto, talvez;
decerto talvez;

Te entrego meus versos,
me entrego ao destino;
perverso destino...

Amor,
Meu único amor;

Amor que sonhei de menino,
Ainda que leve-me o amor à tortura,
não tema!

Torturo o destino por ti...