quarta-feira, 4 de abril de 2012

Ohlívia

quanto sofrimento me causaste...

quantas noites passei pensando
no teu rosto ao meu lado,
no começo no cinema,
no princípio em Bertioga,
em como tentamos salvar um ao outro
sem perceber o desespero alheio;
que precisamente o desespero da vítima
o mal nadador afoga.

hoje decidi me alforriar de teu domínio,
guardar a manta que encobria o passado,
sentir de novo teu "eu te amo",
o meu "eu te amo",
nosso "não te quero mais...",
te querer de volta,
o orgulho ferido,
te querer ver morta,
a raiva do amor,
o entulho de amor inútil que sobra;
a impotente revolta...

quem sabe assim finalmente selo
ou mesmo soldo minha paz;

vou logo dizendo aquilo de que não mais duvido,
de que é testemunha legítima minha nova consciência
e digo, pessoa:

pessoa,
quando te amei, te amava...

vejo no retrovisor a curva que fiz na vida
para fugir de você dentro de mim;
não sou quem eu era, nem tu.
não sou esta fera,
nem és tu aquela fera,
e nem sequer eras,
embora para me enganar
disto até há pouco me convencesse...

sou nada mais que um homem:
este!
falho como todos os outros...
como as cartas que escrevi
a cada 7 de setembro
não postas no correio
sem ter jamais pedido que as lesse....

tanto queria te dizer
quando me evitavas...

me convenci de que sentias prazer
quando me evitavas...

ohlívia, se me visses por dentro...
talvez perdoasses o mal feito
inconsequente ao egoísmo,
defeito de juventude imatura,
e me aturasse novamente;

talvez
para sempre
talvez
sem temores,

ou por te ter traído,
com outros amores,
quem sabe?!

mas nem és tu minha Marília,
nem sóis de maravilha
apagarão a nossa história...

livrei-me de tuas cartas, amor de outrora.
joguei também fora a aliança devolvida;
e minha vida,
até agora...

ora, ora, foste embora!

teu rancor nasceu do cravo,
meu remorso virou rosa e um poema...

desde sete anos do aparente apocalipse,
tenho hoje uma certeza,
pessoa já estranha:

não volto para ti minha esperança...
bela demais é a vista desta nova morada;

tua imagem opaca me negara o horizonte;
quero ver mais adiante...

mais longe de ti
(feliz confesso),
enxergo mais longe...

Nenhum comentário:

Postar um comentário