quarta-feira, 27 de julho de 2011

Realidade.

Vive em meio ao viscoso vermelho sangue,
Verme parasita que vomita na verdade estanque.
Voraz, ataca a verdade nua
Veste a máscara que ilude a tua

Consciência, carente e casta.
Calada, pela ilusória mentira imposta.
Corrupta, em meio a essa nauseante pasta.
Criada, pela ilusão, real, suposta.

De que vale viver a vida?
De que vale sonhar o sonho?
Se tudo o que é, é triste.
Se nada realmente existe.

Pretérito Imperfeito.

Nascesse eu em casa de rico.
Teria eu um livro escrito.
Me chamariam de doutô.
Saberiam quem foi meu avô.

Jogasse eu bola.
Teria eu muito dinheiro.
Colocaria meu filho na escola.
Me casaria com uma modelo.

Fosse eu dono do morro.
Não teria eu nenhuma vergonha
Me dedicaria à favela e ao povo.
Só deixaria traficar maconha.

Fugisse eu da polícia naquele dia.
Pediria esmola fazendo magia.
ou tentaria virar marinheiro no porto.
Talvez, hoje, não estaria morto.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Maldição das Cores

Ah, a audácia do amor...
Há falácia em se supor
A inocência das acácias!
-
Droga! Me encontrava tão seguro
Preso em mim, atrás de um muro;
De armadura e negra máscara
Que outrora me afastaram do absurdo
-
Deste "amar e então sofrer".
Ah, a audácia das acácias...
Seu perfume, suas pétalas - eretas -
São hemácias do meu ser.
-
Dão-me a vida e se alimentam
Da angústia mais que imposta
À minh'alma, que hoje torta,
Quando acordo me corta (e as acácias)
Quando durmo me atormentam.
-
Malditas acácias!
Era preto no branco, um film-noir...
-
Tantas cores me confundem,
O meu cérebro se funde e sinto
E ouço e vejo meu fim no ar...
Malditas acácias!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

verbos e verbetes p'ro agora


parasita abstrato
que decepa flores
não tenho olfato
não olvido odores
no ouvido as dores

no vão do porão
da memória
as cores da dor
os odores da cor
as dores da flor

(tu te deitas, não me ouves
& a orquestra de silêncios
me vive vestida de palavra)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Sorriso.

Você mordeu seus
vermelhos belos lábios.
O Sorriso apareceu em sua boca.
Não é um sorriso comum.
É diferente de tudo que eu já vi.
Não sei explicar.
Seu sorriso se abre discretamente
e de um segundo para o outro
se transforma na razão
da minha felicidade.
É um sorriso ingênuo,
como de uma menina.
Mas, também, é convidativo,
como de uma mulher.
Um convite irrecusável.
Quando me dou conta,
seu sorriso
já tomou conta de mim.
E meus lábios
vão visitar os seu lábios.
Fico atento,
para mais um sorriso seu.
Qualquer mordida,
mesmo que sorrateira,
introdução do seu sorriso.
Que acorde a minha felicidade
e me sirva como um convite,
um convite
que não posso recusar.

Espere.

Minha razão diz que não,
mas meu espírito me inspira a esperar
por uma espécie de esperança
de expor
a espetacular experiência
do espaço,
pelo qual,
espreito experimentar
viver.