quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Carta ao Sentir


Papel em branco que me aguarda ansioso,

venho por meio desta faca maquiada de caneta bic tatuar em você minha angústia fenomênica transitada em julgado na forma de palavra.
É a síntese do necessário.

Com a vênia devida,
Subscrevo.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Epopéia Noturna

Perdido em sonho de Oxum
Por demasiado rum
Ao som da triste sanfona
P'ra casa pedi carona.

Com destino a minha cama,
ônibus apanharia
Naquela rua vazia
Na qual a lama me aclama.

Madruga, Domingo,
Encontro um mendigo
Comendo umas letra.
Ou ele me encontra!

Me pede um dinheiro
P'ras drogas do dia.
Lhe nego ligeiro,
Pois bem lhe queria.

Ainda que decepcionado
A mim seu fado assumiu.
De dentes amarelados,
Vago sorriso sombrio.

Falou-me de sua história;
Daqueles tempos de glória.
Cursava uma faculdade
(Sempre sentia saudades).

Mãe que deixara pra trás!
Dormia em pedra de selva!
E os olhos eu não tirava
Das espinhas do rapaz.

Do bolso o cachimbo.
Seus olhos de lobo
Acendem coa chama!
Logo após, me chama.

Lhe nego ligeiro,
Pois bem eu me quero,
Pois mal me faria
A droga vadia.

Falamos em suicídio
Por veneno de um ofídeo.
Riu de uma oferta tão boba.
Não mata e nem sequer rouba!

Parar, não consegue jamais!
Na pedra em que é viciado,
Coloca a vida de lado
Por vir a ser eficaz.

domingo, 25 de setembro de 2011

Legião dos Pobres Diabos Mascarados

Quanta gente a dançar.
Lobos. Todos à procura de um par.
Sem musas, me beijou o Whisky.
Prefiro a vã loucura à noite triste.

E é em tristeza que me acho
Na noite mais paulistana,
Sozinho, mãos na grama,
Em meio ao populacho.

No chão sou invisível.
Pito tragos de um cigarro;
Assisto à burguesia, horrível;
O nojo me obriga ao escarro.

Aos anjos ofereço uma homenagem,
Busco a boca duma bela princesa,
Regojizo-me em fazer de sua nobreza
Pro meu cuspe, auto-móvel, tal garagem.

Fodam-se as princesas!
Fodam-se as tiaras, seus vestidos,
Seu dinheiro e seus maridos!
São elas as menos indefesas.

Passo então a atentar ao cheiro
Da mistura de perfumes nobres,
Do mijo que exala do banheiro,
Do vômito encoberto pelo alfobre.

No tosco vexame urdido por pirraças
Deste baile de tantos energúmenos,
Antagônicos os signos
Que ostentam, orgulhosos, nas carcaças.