domingo, 30 de outubro de 2011

A extensão da minha epiderme vive em ti


caiu uma lágrima
do olho do céu
que me molhou de tristeza

a flor que brotou foi de dor
essa que me preenche
o tempo – vazio – da distância

duas manhãs não te vejo
e me pego, pelego
entre a chama e a cama

[eu queria ser a tua pele.]

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Hoje Só Quero um Futuro Bem Passado

Na mais melancólica madrugada baiana
A meus pés fina areia oferece repouso.
Ao findar outro dia do "pensar penoso"
Há ondas no mar que meus olhos engana.

Tirana arde a chama apesar de seu feito.
Suja; densa, sua doce fumaça me priva do ar puro.
Seguro da dor na qual me deleito
Um suspiro suspeito sussurra o futuro

Que me aguarda... Que me aguarde!
Pois ontem é tarde na terra onde moro;
Pois morros se movem nos mares que adoro
Do asfalto em que assaltos espantam covardes.

E não falta coragem ao povo que sobra,
Que ousa ao usar a virtude da cobra,
Que não é má, mas refuta ameaça
E parece assassina aos olhos da caça.

Me aguarde, futuro, me aguarde!
Pois hei de vingar ao topo do altar;
Eu, rei, me deleito ao de Esopo lembrar!

...Terra de Amado, a trago no peito que arde;

Como arde o radiante sol amarelo;
Se pondo em flagelo lá adiante, doente;
Pintado em cartaz no qual só lama relo...

De leve, sem tinta, num quadro que sente.

Mas sóis nascerão para todos os povos.
É o grande refrão que nos traz dias novos;
Sempre o mesmo, rude e inexorável é o astro...
Ontem, Bahia; Hoje, São Paulo; Amanhã eu me alastro!