quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Como Amar um Fantasma

Sonhei-te ontem novamente;

Machuca, dizê-lo me dói...

Cerro os olhos e estou contigo!

Minha alma dói,
meu corpo dói,

Agonizo.

Que fazes agora?

Fecho os olhos e posso sentir-te...
Tua pele errante ao vento,
como se me fizesse em ar,
peralta borboleta...
..... a amparar-te;

Te respiro.
Cerro os olhos e te respiro.
No escuro,
me enches de vida...
Somos vida pulsante, eu e tu...

Quero ver-te ao menos uma vez...
Por um segundo no tempo infinito
tocar tua face com leveza,
perder-me em teus cachos...
abaixo do umbigo...
....

No sonho, te abraço para sempre,
teu corpo me completa...
Sou pela metade olhos abertos...

Sonho teu cheiro o mais humano, puro animal;
De natureza, inebriando a própria natureza...
Teu cheiro é a noite da Bahia....
A meia-noite soteropolitana.

És pelante supernova,
embora saibas ser fria...
Num porte seguro, decidida, inocente no olhar...
Teu vívido olhar, melando relva ao fundo branco,
verde e amarelo
num tom brasileiro,
perfeito.

Sonho em saciar em teu suor esta sede beduína;

Que sonhas sta noite?

Vivo em depressão por tua ausência...
Tornei-me poeta por ti,
suicida, um asceta de ti...

Amor, se ao menos teu nome soubesse...
Se ao menos teu nome soubesse...
....

Terei com o destino e
ainda que leve-me o amor à tortura,
torturo o destino por ti...

Pela avenida que tomarás,
pela esquina onde te encontrar...
.......

A vida por ti daria
mesmo sem conhecer-te,
seja quem fores,
doa em quem sentir dores...
Torturo o destino por ti!

Se te conheço
e te chamo por nome, prometo:

me vou contigo.

Se resto vivo,
casca vazia ambulante,
é para que não sofras meu luto,
jamais meu luto...

O faço por ti,
sofro teu luto e o meu por nós dois...

Prendia meu último sopro por ti...

...

Se amares outro......
Com amor assim tão profundo...

Não guardo rancores e sumo no mundo,
mais um vagabundo a fingir,
mais um marinheiro a cantar
sua desgraça à brisa das ondas...
Às magníficas ondas de qualquer lugar.

Incapaz de fugir
lacrimaria revolto às estrelas
na angústia do encéfalo-cárcere,
trancafiado a espiar
pássaros soltos
tranquilos em farto pomar.

Nasci a sonhar-te,
vivendo esperanças,
sempre à procura
incansável sempre
incansável à procura...
Sempre...

.......

Sempre me pergunto:
Onde dormes esta noite?

Não posso jurar
como o fizeram poetas inúmeros,
Que casto te espero,
meu bem...

Mas quanto à alma,
a essência do ser que te fala,
neguei-lhes a todas!
É tua, não minha p'ra dar...

Pensas em mim?

Penso que sim,
pois te sinto a presença;

Estás comigo em Ilhéus,
estás comigo na cama,
estás comigo na praia,
comigo nas outras mulheres,
comigo em botecos paulistas,
no palco,
na sarjeta,
na poesia que leio e escrevo...

Comigo nos comas alcoólicos,
comigo na overdose.
Comigo na morte,
na ressurreição;
Comigo e por isso consigo acordar...

Comigo e tão distante...
Ou perto, talvez;
decerto talvez;

Te entrego meus versos,
me entrego ao destino;
perverso destino...

Amor,
Meu único amor;

Amor que sonhei de menino,
Ainda que leve-me o amor à tortura,
não tema!

Torturo o destino por ti...



2 comentários:

  1. Estive aqui,passeando em tuas poesisas, Bruno. Viajando em teus versos, ao sabor das tuas palavras soltas aos ventos acariciantes de Ilhéus. Gostei muito do que li, e aguardarei novas postagens. Abração. Anísio J.S. Cruz

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