sábado, 2 de junho de 2012

prolegômenos à solidão

I
decidi deixar tu
(eu acho)

não me bastam os sonhos
essa tormenta que é acordar
toda noite
e não ter tu

não me bastam as vontades
transmutadas em tristeza
essa dor do dia
do coração frio
do estar amputado
inclusive de tu

me relaciono com tua distância
essa capacidade de não ter alguém
só tu
em minha saudade

II
teria feito tudo diferente se entendesse o que significavam aqueles carinhos, as nossas mãos, todas quatro, perdidas umas nas outras, nos (a)braços, costas, pernas, pelos, os olhos, tudo o que fica & morre no depois, porque tenho medo que tu voltes e, como costume, finjas que aconteceu nada, me lembrando, por isto mesmo, incessante, o quanto existiu

III
se me bastasse a lembrança
mas não basta e sou todo uma dor
me baste a memória e, então, te aceito, Solidão.
25.5.2012
4:35

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