segunda-feira, 21 de abril de 2014

O Peso da Língua

Tarda mais uma janela
Em minha noite...

Avança a madrugada
Como avançam em minh’alma
Todas as madrugadas.

Cintilam em mim escuras estrelas...

Uma constelação de sóis
Invisíveis e frios...

Explodem em mim
Estrelas que nunca nasceram,
Sem universo que as contenha,
E caem no vazio.

Há em mim estrelas mortas que nunca vi
E nunca ninguém viu,
Sistemas solares imóveis
Em busca do Impulso.

Impávidos asteroides,
Quasares impassíveis...

Há dores e odores de metal,
Gardênias,
Delírios,
Há pétalas do Quênia...
Há lágrimas de lírios...

Mas pouca vegetação germina
No vasto deserto e o espaço
Carece de matéria prima...

Não há oxigênio,
Não neste milênio!

Não há sequer um lápis
Ou
Páginas de livros...

Decerto dormirei
Quando amanhecer o dia,
Por certo já errei
Bem mais do que devia.

Há galáxias plácidas
Nos devaneios desta vida,
Menos virtude no pouso que na descida,
Mais sonhos roucos que loucos no asilo
E quanto mais grave a queda,
(o silfo em mim à ninfa avisa)
Mais agudo será o sibilo.

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