Qual a etiqueta da vida?
Devo dar-lhe bomdia, boatarde, boanoite?
aquiescer a suas vontades, rebelar-me contra os maus viveres?
Qual a etiqueta da vida?
Lavo-na à mão ou meto na máquina?
Qual o segredo da vida?
Conte-me o segredo da vida, que o guardarei melhor que não o fizeste!
Onde o sagrado da vida?
Tudo é sagrado, menos a vida!
Sagrado o orgulho, sagrada a mentira, sagrada a família,
Vergonhas, o cú do mundo, o cú domingo,
O cú dormindo, o acordado e o que pisca infatigável!
Sagrados os zumbis das universidades, a cura
Que não encontram na cannabis, na cerveja, nem nos companheiros de viagem sofrida
Sem quem lhe decepe a testa ou a tragédia lhe finde.
Da vida me alimento e de mim se alimenta a vida - tira pedaços -
Braço, perna e tantos corações quanto tiver um homem!
De que vale um homem sem coração?
De que valho, buraco no tórax, vendas nos olhos e esta maçã nos dentes?
Devaneios rotineiros fixam-se à retina!
Tombam as pálpebras.
Tombam e quicam no "b" se estendendo às alturas
revelando beleza aos artistas que tentam e os que nem tentam fazer arte.
Cadê o mundo inteiro?
Sinto falta do mundo inteiro!
Vejo meu espelho em pedaços nas árvores, nuvens...
O mundo inteiro em pedaços!
Espelhem-se em mim as coisas do mundo, eu nelas também...
Para que o mundo em pedaços seja inteiro de novo, espelhado em mim!
Espalhado em mim e manteiga derretida...
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