Na mais melancólica madrugada baiana
A meus pés fina areia oferece repouso.
Ao findar outro dia do "pensar penoso"
Há ondas no mar que meus olhos engana.
Tirana arde a chama apesar de seu feito.
Suja; densa, sua doce fumaça me priva do ar puro.
Seguro da dor na qual me deleito
Um suspiro suspeito sussurra o futuro
Que me aguarda... Que me aguarde!
Pois ontem é tarde na terra onde moro;
Pois morros se movem nos mares que adoro
Do asfalto em que assaltos espantam covardes.
E não falta coragem ao povo que sobra,
Que ousa ao usar a virtude da cobra,
Que não é má, mas refuta ameaça
E parece assassina aos olhos da caça.
Me aguarde, futuro, me aguarde!
Pois hei de vingar ao topo do altar;
Eu, rei, me deleito ao de Esopo lembrar!
...Terra de Amado, a trago no peito que arde;
Como arde o radiante sol amarelo;
Se pondo em flagelo lá adiante, doente;
Pintado em cartaz no qual só lama relo...
De leve, sem tinta, num quadro que sente.
Mas sóis nascerão para todos os povos.
É o grande refrão que nos traz dias novos;
Sempre o mesmo, rude e inexorável é o astro...
Ontem, Bahia; Hoje, São Paulo; Amanhã eu me alastro!
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